terça-feira, 20 de outubro de 2015

Fabiane Hukuda- Mãos que curam- ESPN BRASIL

FABIANE HUKUDA 

Abrindo as portas para ESPN Brasil 

 contar um pouquinho da minha história



Foram 4 ciclos olímpicos de treinamentos intensos, morei longe de casa em alojamento aos 14 anos,quando entrei no Projeto Futuro (atual Centro de Excelência) e fui a primeira mulher judoca a morar lá junto com a Luciana Ohi e em seguida entrou a Twila Barroso. "Apanhamos" muito lá dentro. Devo ter chorado quase todos os dias por um ano...10 randoris básicos no mín todos os dias... Corridas alucinantes na pista de atletismo....treino nas escadarias no ginásio do Ibirapuera...fila quando o Sensei faltava...rs


Sofri muito com a falta de patrocínio, aguentei inúmeras piadinhas "que judô não era para mulher"... os meninos falavam que o campeonato feminino era ridículo e muito fácil. Se eu ganhava de ippon tava fácil. Se eu ganhava de "koka" é porque eu era ruim! Então tá! rs
Contribuí para o judô feminino se destacar numa época da era Mamede da CBJ onde faltava estrutura, faltava tudo. Se a viagem custava mil dólares, a antiga CBJ já teve a cara de pau de cobrar 3 mil dólares para o Mundial Jr. de 1996 realizado em Portugal.
O uniforme custou 200 dólares...e assim andava o circo!
No ano 2001 entrou a nova CBJ. Aí as coisas começaram a andar pro judô brasileiro. Ainda engatinhava, mas já era o início de uma nova fase!

Só não faltava a vontade de vencer. Tentei Atlanta 96, Sydnei, Fui para as Olimpíadas de Atenas e não passei da primeira luta. Em Pequim eu lutava pela Austria, belisquei vários 5. e 7. lugares na qualificação e não consegui o ranking para as Olimpíadas.
Desde que entrei no judô eu sonhei todos os dias com uma medalha Olímpica...fiz tudo o que pude, treinei, me dediquei para isso e mesmo não conquistando, me sinto vitoriosa pelo meu judô técnico que apresentei e pelo caminho que trilhei. 



Decidi parar porque estava no limite do meu corpo, eu sempre me cuidei demais, nunca fiz uma cirurgia! Só que começaram as fraturas por stress e lesões nos meus pés, cotovelos e ombros....pra treinar era tipo uma armadura....esparadrapo no ombro, no cotovelo, no corpo todo....e eu já não tinha mais posição para dormir, sentar e levantar sem dores.
Foram 10 anos na seleção brasileira, 4 na seleção austríaca. Morei em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Bad Goisern, Linz, Oberalm.
O mais difícil após encerrar a carreira foi de decidir qual rumo tomar profissionalmente. Me sentia um peixe fora dágua, completamente fora do mundo real do trabalho. Eu tinha o desejo de ser artista plástica, não fui. Enquanto fui atleta eu tentei arquitetura, artes, depois decoração de interiores....Por fim, quando parei de lutar, decidi que queria Massoterapia, estudei acupuntura, dei aulas de judô e parei. Hoje eu estudo Ed. Física e quem sabe uma Fisioterapia....rs

O judô competitivo já é passado desde 2009 e o meu presente está sendo gratificante trabalhar para ajudar muitos atletas (ou não) na recuperação e prevenção de dores físicas ou emocionais. 
Agradeço o judô por me dar as melhores amizades da minha vida.

http://espn.uol.com.br/video/550988_maos-que-atacam-e-curam-conheca-a-historia-de-uma-nobre-representante-do-judo-brasileiro

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